inicio | contacto | buscador | imprimir   
 
· Presentación
· Trayectoria
· Artículos y notas
· Newsletter (español)
· Newsletter (english)
· Radar Internacional
· Tesis de posgrado
· Programas de clase
· Sitios recomendados

Publicaciones
· Las crisis en el multilateralismo y en los acuerdos regionales
· Argentina y Brasil en
el sistema de relaciones internacionales
· Momentos y Perspectivas


  Félix Peña

ARTÍCULOS Y NOTAS DE PRENSA
2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013
2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007 | 2006 | 2005 | 2004
2003 | 2002 | 2001 | 2000 | 1999 | 1998 | 1997 | 1996 | 1995
1994 | 1993 | 1992 | 1991 | 1990 a 1968
  Revista Política Externa Vol. 18 Num. 4 | Mar/Abr/Mai 2010
Um desafio para a governabilidade global: reflexões sobre a Conferência de Copenhague

 

How to force a consensus on significant issues of the global agenda in a context of a great number of countries with different interests, visions and possibilities, and how to get the decisions reached in the different international institutions be applied to reality, producing the expected results? After the UN Conference on Climate Change in Copenhagen (COP 15) last December, it became c1ear that to answer this question with actions is one of the major challenges for global governance, especially taking into account the current context of profound changes in power relations between actors who are, or aspire to be, relevant and active leaders in the international arena.


Como forçar consensos sobre questões significativas da agenda global entre grande número de países com interesses, visões e possibilidades diferentes, e como conseguir que o que for decidido nos diversos âmbitos institucionais internacionais seja aplicado à realidade, produzindo os resultados esperados?

Após a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de Copenhague (COP 15), em dezembro passado, ficou evidente que responder a esta pergunta com ações é um dos desafios mais importantes que são propostos à governabilidade global, especialmente levando-se em conta o contexto atual de profundas mudanças nas relações de poder entre protagonistas que são, ou aspiram ser, relevantes e líderes ativos no cenário internacional.

Para se avaliar os resultados concretos de Copenhague, com frequência recorrese à imagem do copo "meio cheio ou meio vazio". Os analistas se dividem entre aqueles que consideram que foi dado um passo, um pouco tímido, mas na direção certa, e aqueles que, ao contrário, enfatizam a distância entre o pouco que foi alcançado e o quanto seria necessário obter para que se chegue a um marco legal crível, caso se pretenda abordar com eficácia os grandes desafios propostos à humanidade em razão das profundas mudanças climáticas que estariam ocorrendo.

Tudo indica que este debate terá de continuar a se manifestar no caminho que levará à nova Conferência, a ser realizada no México em dezembro. É possível prever que não será um caminho fácil óulinear. É possível presumir-se que,· durante este ano, o debate continuará centrado no alcance e na solidez dos diagnósticos sobre a gravidade das mudanças climáticas que estariam ocorrendo; sobre as medidas que são necessárias e passíveis de serem adotadas, considerando parâmetros e prazos relevantes; sobre as responsabilidades a serem assumidas pelos diversos tipos de países - especialmente os desenvolvidos e os em desenvolvimento, considerando-se suas contribuições, passadas e atuais, para a contaminação ambiental - e sobre a distribuição dos custos inevitáveis e do respectivo financiamento das medidas que seriam adotadas.

É um debate complexo em termos de considerações científicas, especialmente pelo fato de que os efeitos mais sérios ocorreriam no médio e longo prazos, embora muitos dos respectivos custos devessem ser assumidos já no curto prazo. Em termos políticos, esta defasagem de tempo é fortemente relevante no cenário interno de cada um dos países com maiores responsabilidades a assumir.

Em todo o caso, com os resultados pouco expressivos da Conferência de Copenhague, três aspectos do novo cenário internacional ficaram agora ainda mais evidentes. Os três têm grandes implicações institucionais e nos processos decisórios que forem utilizados para forçar os acordos necessários.

O primeiro se refere ao fato de que algumas questões relevantes que incidem sobre as relações internacionais e afetam, inclusive, o futuro da humanidade, somente podem ser abordadas em escala global. Por exemplo, tome-se especificamente as mudanças climáticas. O problema principal é que se os diagnósticos científicos mais alarmantes forem comprovados como corretos, qualquer demora em agir pode acarretar graves consequências e custos sociais de grande magnitude.

Outra questão relevante de alcance global, tão séria quanto a anterior, é a da abordagem dos diversos desdobramentos que a agenda de segurança e paz no mundo apresenta hoje. Nenhum país que agisse individualmente estaria em condições de assegurar a eficácia das ações que ossam ser demandadas neste plano. Tudo se complica, além disso, em virtude da proliferação dos protagonistas não estatais no emprego de diferentes tipos de violencia no cenário internacional e, em particular, pelo risco certo da privatização dos meios de destruição em massa.

Em relação às duas questões - entre outras, que incidem sobre a agenda internacional -, a governabilidade global estará condicionada fortemente à vontade das diversas nações, que têm relevância e capacidade de serem líderes no cenário internacional, de trabalharem juntas. Mas estará também condicionada à habilidade em desenvolver modalidades criativas de trabalho em conjunto entre as nações, tanto no plano global quanto em cada uma das regiões.

O segundo aspecto está relacionado com a dificuldade de se definir, na pratica quantos países são necessários para se obter uma massa crítica de poder suficiente de modo que as decisões a serem adotadas para se obter uma governabilidade global razoável tenham caráter vinculador, eficácia e legitimidade social. E a questão principal colocada pela modalidade de agrupamentos informais de Paises -os "G". É relevante, e é sabido, que no futuro a governabilidade global não poderá depender de uma única nação, por mais poderosa que ela continue a ser, como e o caso dos Estados Unidos.

No plano global, este aspecto surgiu com o G-20 e, em grande parte, tanbém nas caóticas horas finais da Conferencia de Copenhague. Não se trata apenas, problema de não se saber quantos e países devem participar deste Grupo de outros similares. O debate a este respeito continua e talvez não se chegue a uma conclusão durante muito tempo. Trata-se de saber como superar os efeitos da heterogeneidade de poder entre os múltiplos países participantes ou que possam aspirar a participar.

Ao opinar e participar de um "G", alguns países refletem sua própria e indubitável atribuição de poder relativo, tanto real quanto potencial, como nos casos dos EUA e da China. Outros refletem uma capacidade de aglutinar nações através de diferentes tipos de agregação de poder, em um contexto institucional de trabalho conjunto dentro de um determinado espaço geográfico regional; é o caso da União Europeia porém isso nem sempre se traduz em uma participação conjunta efetiva no plano internacional, como fica demonstrado em inúmeros exemplos, que incluem até mesmo a própria Conferência de Copenhague. Os outros países, embora possam ser considerados relevantes em termos de dimensão econômica e de poder relativo (algumas vezes mais em potencial do que de fato) e manifestem vocação de protagonistas e, inclusive, de liderança, nem sempre conseguem necesariamente demonstrar que refletem a opinião que prevalece em todos os países da região geográfica a que pertencem. Por exemplo, é o caso da Argentina e o do Brasil dentro do espaço geográfico sul-americano, e também, entre outros, os casos da índia, Rússia, Indonésia, Egito e África do Sul.

Em todo o caso, esta modalidade informal - no sentido de não constituir organizações permanentes nem de ter capacidade jurídica para dar origem a compromissos vinculadores - de trabalho conjunto no plano internacional apresenta dificuldades que podem diminuir sua eficácia relativa. Elas são manifestadas nos processos preparatórios das respectivas reuniões e, em particular, na sua capacidade limitada de traduzir em realidades concretas aquilo que foi acordado. Tais mecanismos informais podem ser mais eficientes quando se trata de cordenar ações que dependem de medidas adotadas nos respectivos planos nacionais, como é o caso de alguns dos acordos do G-20 relacionados ao sistema financeiro internacional. Mas sua eficiência pode ser menor - quase nula inclusive - quando diz respeito a impulsionar ações que precisem ser traduzidas em compromissos jurídicos e no desenvolvimento de nova regulamentação jurídica internacional. Por exemplo, o G-20 demonstrou sua disposição de concluir a Rodada de Doha e, com certeza, isto foi manifestado em Copenhague.

A terceira questão transparece no fato de que algumas das organizaçoes internacionais globais atuais apresentam insuficiências que as tornam pouco eficientes na hora de conseguir, entre seu grande número de países membros, os consensos que são necessários para agir e, especialmente, para gerar compromissos vinculadores. Seus processos decisórios podem estar refletindo uma arquitetura internacional já ultrapassada ou que já esteja sendo rapidamente ultrapassada. Com relação a isto, surgem três perguntas centrais: como conseguir que 193 (caso da ONU) ou 153 (caso da OMC) países cheguem ao equilíbrio de interesses necessário que permita a tomada de decisões vinculadoras relacionadas com a realidade? Tais decisões teriam as qualidades necessárias de eficiência, eficácia e legitimidade social, se forem adotadas somente por um número limitado de países relevantes seguindo critérios de "geometria variável" e de "massa crítica"? Neste caso, quais deveriam ser esses países, de modo a que não seja gerada uma rejeição explícita ou implícita entre aqueles que não participem da tomada das respectivas decisões, evidenciando assim um sério problema de legitimidade? Responder a essas perguntas, com ações, não será uma tarefa fácil ou rápida.

Os aspectos mencionados são apenas alguns dos que evidenciam o âmbito da crise sistêmica mundial atual. Eles recriam a tensão dialética clássica entre ordem e anarquia nas relações internacionais. Trata-se de uma crise sistêmica que pode ter um efeito dominó em diferentes esferas regionais e, eventualmente, em escala global. Ela transparece na dificuldade de se encontrar, no âmbito de instituições provenientes de uma ordem em colapso, respostas eficazes para problemas coletivos que são confrontados em escala global.

Deixar o modo como estamos agindo hoje e caminhar em direção a uma nova ordem internacional, que derive mais da razão do que da força, não é, uma tarefa fácil. Surge daí um fato perigoso que não convém ser subestimado, isto é, que a falta de respostas eficazes a algumas das cuestões mais sérias da agenda global leve-como já ocorreu no passado - ao surgimento de problemas sistêmicos dentro de países que foram, e que ainda são, protagonistas relevantes no cenário internacional, ou que, mesmo quando não o sao podem produzir efeitos de arrasto em respectivos espaços geográficos regionais.

Isto pode ocorrer na medida em que em países diferentes, inclusive nos mais desenvolvidos, os cidadãos não apenas percam sua confiança nos mercados - un efeito possível de perdurar no cenário de desajustes financeiros globais -, más também na capacidade de encontrar respostas no contexto dos seus respectivos sistemas democráticos. Se assim ocorrer os prognósticos sombrios de alguns analistas seriam até suaves se comparados con o que seria necessário enfrentar no futuro.

Tradução Luciane Sommer.


Félix Peña es Director del Instituto de Comercio Internacional de la Fundación ICBC; Director de la Maestría en Relaciones Comerciales Internacionales de la Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF); Miembro del Comité Ejecutivo del Consejo Argentino para las Relaciones Internacionales (CARI). Miembro del Brains Trust del Evian Group. Ampliar trayectoria.

http://www.felixpena.com.ar | info@felixpena.com.ar


Suscríbase al newsletter para recibir mensualmente un email con
los últimos artículos publicados en este sitio.


 

Regresar a la página anterior | Top de la página | Imprimir artículo

 
Diseño y producción: Rodrigo Silvosa