Paulo Braga, De Buenos Aires
O Brasil caminha na direção de firmar pactos comerciais
com os Estados Unidos e a União Européia - com ou sem o
Mercosul -, mas os países do bloco devem trabalhar em conjunto
para que possam obter resultados melhores nas negociações
. A opinião é de Felix Peña, ex-subsecretário
de Comércio Exterior da Argentina, que participou ontem em Buenos
Aires de um fórum com empresários argentinos sobre o país
vizinho.
"Mais cedo ou mais tarde, o Brasil vai ter um acordo bilateral com
a UE e os EUA", disse Peña, citando como precedente - embora
considere o caso muito menos complexo - o fato de Washington estar negociando
um acordo bilateral com o Chile. "Se for com o Mercosul, o peso político
vai ser muito maior", afirmou ele em um fórum sobre a situação
política e econômica do Brasil organizado pela ACDE (Associação
Cristã de Dirigentes de Empresa).
Segundo Peña, uma das necessidades atuais do bloco é colocar
em prática as disposições que já estão
acordadas entre os sócios. Um dos exemplos é a resolução
de disputas comerciais, que acabam sendo solucionadas com interferências
de tribunais da OMC (Organização Mundial do Comércio),
e não no âmbito do próprio Mercosul.
Do ponto de vista argentino, Peña entende que priorizar o fortalecimento
do Mercosul responde à necessidade de utilizar os canais de diálogo
que o país tem hoje abertos no cenário internacional.
"Há gente por aí que diz que deveríamos ingressar
no Nafta (bloco comercial que reúne EUA, Canadá e México),
mas os EUA não querem convidar ninguém para entrar no Nafta,
e sim negociar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas)",
afirmou.
"Nós temos de lidar com coisas que são factíveis,
conciliar necessidades internas com possibilidades externas, não
com ilusões."
Peña, que atualmente é diretor do Instituto de Comércio
Internacional da Fundação BankBoston, elogiou o fato de
os candidatos presidenciais brasileiros estarem dando sinais de que as
relações dentro do bloco comercial são prioridade,
o que leva a crer que qualquer um que saia vencedor trabalhará
junto com a Argentina para seu fortalecimento.
|